Há muito se fala em globalização, conceito que, inevitavelmente, inclui a padronização da cultura e dos seres humanos. Quanto mais globalizado o individuo, mais próximo de uma cultura genérica ele se encontra; e, obviamente, mais distante de sua própria cultura. Quanto maior essa referida cultura genérica (geral), mais abrangente o poder de sua influência. Em que recanto do planeta traços dessa cultura geral ainda não chegou? Neste século nascente não existe recôndito onde ela não exerça algum nível de influência - por menor que seja, embora nunca insignificante. Como se nos apresenta essa cultura geral? Através da economia, do comportamento, da arte, da educação, ciência e tecnologia, midias - principalmente as eletrônicas como a internet e a televisão. Como interagimos com ela? Através da adoção de seus princípios: o principal entre eles é o conceito de inclusão. Todos queremos fazer parte da globalização, pois, numa primeira acepção, ficar de fora significa permanecer num estado primitivo da civilização; renegar o novo é admitir seu misoneísmo, enquanto globalizar-se é estar permanentemente sintonizado com as novidades. Em novas acepções, passamos a compreender que a globalização é um processo irreversível de mudanças significativas que envolve o mundo e tudo o que este compreende, incluindo a natureza e as culturas primitivas. Definitivamente, avançamos a passos largos rumo à padronização social e genética. É inevitável que as culturas - hoje separadas pelas suas diferenças - venham a integrar-se no sentido de originar talvez não um conjunto de valores híbridos, mas, principalmente, um conjunto novo de regras e valores que regerão todo o comportamento humano a partir dessa grande fusão: essa fusão está em processo desde os primórdios da civilização; na contemporaneidade assistimos a aceleração desse processo. Nunca antes as transformações foram tão vertiginosas, nem tão pacíficas, embora o último século tenha sido um dos mais sangrentos da história. Mas esse fato se deu basicamente porque a questão da identidade num mundo que se sintetiza tornou-se fator crucial. A luta da identidade particular neste processo expressa a recusa do ego em aceitar a sujeição ao coletivo. O que o ego desconhece é o fato de que essa sujeição não será absoluta. Trata-se aqui de uma troca justa onde cede-se uma parte de si para receber um benefício (nada que já não tenhamos feito antes: veja "O Contrato Social" de Jean Jaques Rousseau). A necessidade de determinar como e para onde deve caminhar a humanidade pautou as decisões dos setores governamentais - não podemos separar dessas decisões o medo do outro, do estrangeiro, da cultura estranha à sua.
Sabemos que o medo e a ambição incitaram o desejo de conquistar o mundo. Mesmo sabendo que a globalização está em processo desde o início da civilização - diría até que a própria civilização é esse processo -, as diferenças entre os povos ainda é gritante e causa dos muitos males que sofremos. É por causa dessa diferença - que origina o conceito de superioridade - que muitos repudiam violentamente a raça e cultura do outro. É esse fator que garante a sobrevivência da espécie num habitat hostil, mesmo que a ideologia e a guerra - em todas as épocas - contrariem, às vezes, essa constatação. A globalização e sua consequente padronização dos costumes poderá, finalmente, minimizar esse tipo de violência. Tendo essa mudança na relação entre os seres-humanos como um fator desejável, podemos inferir que a globalização é benéfica. Se esta é fundamental para a redução das diferenças e consequente aceitação do outro só nos resta desejar que ela se consolide. Afinal, quem não deseja viver em paz com seu conterrâneo, com o indivíduo de outra raça, com aquele que habita os rincões do mundo? Quem não deseja a paz? Sómente aquele que obtém lucro com a guerra; só aquele que possui índole maléfica e obtém prazer em causar o mal; só aquele que se encontra possuído pela noção falsa de superioridade...
Há quem defenda a não globalização, pois vê nesta o fim daquelas diferenças que enriquecem a cultura humana. Vê nesses traços individuais a razão sine qua non da existência humana. Quem não se admira das artes e invenções criadas tanto pelo ocidente quanto pelo oriente; seus diferentes pontos de vista a respeito de qualquer assunto? Digo, de antemão, que nada disso se perderá com a consolidação da globalização. Os individuos, por mais que vivam sujeitos a um mesmo padrão cultural, não deixarão de viver em pontos longíquos do planeta e mesmo que venham a falar uma única língua, não deixarão de apresentar sotaques, por mais sutís que sejam. E produzirão arte tão distinta uma das outras quanto hoje o fazem. Um individuo só é plenamente identico à outro na ficção - e mesmo nela, a diferença é o tema principal da obra. Na realidade, mesmo com interferência genética, nós somos e continuaremos a ser diferentes uns dos outros. Pelo menos é o que supunho, mesmo tendo em vista a atual condição da ciência genética e cibernética. Presumo que num futuro relativamente distante, o ser-humano que habitará a terra será um indivíduo privilegiado tendo a seu serviço toda uma gama de robôs. Todo serviço não honroso e subalterno, porém estritamente necessário, será efetuado por essas criaturas de metal capacitadas por micros computadores em lugar de cérebros, e não por pessoas consideradas inferiores por qualquer traço que as diferencie.
É natural que aceitemos o fato de que a humanidade será reduzida consideravelmente em comparação à demografia atual. A não ser que seja designada - o mais provável - para a exploração e povoamento de novos planetas: a exemplo de um passado remoto quando as metrópoles exploravam suas colônias na africa e no novo mundo. Considerando essa possibilidade é de se supor que o planeta será, em algum momento desse processo, preservado - ou o que restar dele. É claro que as diferenças sociais permanecerão, mas, tendo em vista uma padronização também na qualidade de vida, essas diferenças poderão ser atenuadas: o que minimizará o sentimento de inferioridade dos menos afortunados.
Imaginemos um mundo onde só existe uma língua; um mundo onde todos podem se comunicar beneficiados por esse fator. Um mundo sem fronteiras, onde qualquer um detém o direito e o privilégio de ir e vir justamente por serem todos de uma mesma nacionalidade. Um mundo onde só existe um governo (melhor supor, neste caso, a aplicação do conceito de adminstração, mais apropriado à um mundo novo) e, portanto, nenhum outro para fazer oposição. Um mundo onde só existe uma moeda, onde a inexistência de uma superioridade econômica sugere também a inexistência dos conflitos desencadeados em caso contrário. Imaginemos, através de séculos de cruzamentos, a homogeneização das raças. Com isso obteremos o fim dos preconceitos e dos violentos conflitos que tanto caracterizam o confronto das raças em nosso tempo. Só uma raça preconceituosa e presunçosa não toleraria a possibilidade de perecer em favor de uma raça de características universais. Se a diferença entre as raças e entre os indivíduos de uma mesma raça é fator de inúmeras vantagens é também fator determinante de inúmeras desvantagens (se hoje o mestiço é visto como um individuo oscilando entre duas culturas, num contexto onde ele torna-se a regra e não a exceção, essa situação desconfortável simplesmente desaparece). Muito dos benefícios produzidos por estas diferenças não desaparecerão numa cultura socialmente padronizada: a capacidade do ser-humano em criar permanecerá inata. O acesso à cultura seria determinado pela capacidade individual e não totalmente, como hoje, pelo privilégio da raça e condição sócio-econômica.
Há muito o que refletir sobre esse assunto. Não sou autoridade, apenas um curioso que pensa, às vezes, na possibilidade nada remota de uma padronização da cultura e do elemento humano. Gostaria que os visitantes desse blog postassem sua opinião a respeito desse assunto para que possamos desenvolvê-lo a um nível de satisfação. Nada é mais atual e urgente que esse assunto, pois esse provável mundo não está assim tão longe de sua consolidação. Estou ciente de que nenhuma ficção literária ou cinematográfica à respeito trata com seriedade as provaveis consequências dessa consolidação. O processo dessa consolidação pode, sim, originar conflitos e confrontos violentos num futuro breve, pois sabemos como algumas nações contemporâneas ainda insistem em manter-se fora desse contexto universal que vêm sendo buscado desde tempos imemoriais; mal sabem eles que já se encontram dentro do processo e que apenas o ego de algum tirano narcisista teima em fazer crer que a não integração é que é a opção correta.
Sujeito este texto a inserção, a qualquer momento que julgar necessário, de novas considerações sobre o assunto, inclusive à mudança de alguma já postada, caso compreenda que a mesma requer novo tratamento. As opiniões que se pronunciarem serão postadas como comentários à parte do texto, seguindo as determinações do blogger.
Gilberto Lins
Sabemos que o medo e a ambição incitaram o desejo de conquistar o mundo. Mesmo sabendo que a globalização está em processo desde o início da civilização - diría até que a própria civilização é esse processo -, as diferenças entre os povos ainda é gritante e causa dos muitos males que sofremos. É por causa dessa diferença - que origina o conceito de superioridade - que muitos repudiam violentamente a raça e cultura do outro. É esse fator que garante a sobrevivência da espécie num habitat hostil, mesmo que a ideologia e a guerra - em todas as épocas - contrariem, às vezes, essa constatação. A globalização e sua consequente padronização dos costumes poderá, finalmente, minimizar esse tipo de violência. Tendo essa mudança na relação entre os seres-humanos como um fator desejável, podemos inferir que a globalização é benéfica. Se esta é fundamental para a redução das diferenças e consequente aceitação do outro só nos resta desejar que ela se consolide. Afinal, quem não deseja viver em paz com seu conterrâneo, com o indivíduo de outra raça, com aquele que habita os rincões do mundo? Quem não deseja a paz? Sómente aquele que obtém lucro com a guerra; só aquele que possui índole maléfica e obtém prazer em causar o mal; só aquele que se encontra possuído pela noção falsa de superioridade...
Há quem defenda a não globalização, pois vê nesta o fim daquelas diferenças que enriquecem a cultura humana. Vê nesses traços individuais a razão sine qua non da existência humana. Quem não se admira das artes e invenções criadas tanto pelo ocidente quanto pelo oriente; seus diferentes pontos de vista a respeito de qualquer assunto? Digo, de antemão, que nada disso se perderá com a consolidação da globalização. Os individuos, por mais que vivam sujeitos a um mesmo padrão cultural, não deixarão de viver em pontos longíquos do planeta e mesmo que venham a falar uma única língua, não deixarão de apresentar sotaques, por mais sutís que sejam. E produzirão arte tão distinta uma das outras quanto hoje o fazem. Um individuo só é plenamente identico à outro na ficção - e mesmo nela, a diferença é o tema principal da obra. Na realidade, mesmo com interferência genética, nós somos e continuaremos a ser diferentes uns dos outros. Pelo menos é o que supunho, mesmo tendo em vista a atual condição da ciência genética e cibernética. Presumo que num futuro relativamente distante, o ser-humano que habitará a terra será um indivíduo privilegiado tendo a seu serviço toda uma gama de robôs. Todo serviço não honroso e subalterno, porém estritamente necessário, será efetuado por essas criaturas de metal capacitadas por micros computadores em lugar de cérebros, e não por pessoas consideradas inferiores por qualquer traço que as diferencie.
É natural que aceitemos o fato de que a humanidade será reduzida consideravelmente em comparação à demografia atual. A não ser que seja designada - o mais provável - para a exploração e povoamento de novos planetas: a exemplo de um passado remoto quando as metrópoles exploravam suas colônias na africa e no novo mundo. Considerando essa possibilidade é de se supor que o planeta será, em algum momento desse processo, preservado - ou o que restar dele. É claro que as diferenças sociais permanecerão, mas, tendo em vista uma padronização também na qualidade de vida, essas diferenças poderão ser atenuadas: o que minimizará o sentimento de inferioridade dos menos afortunados.
Imaginemos um mundo onde só existe uma língua; um mundo onde todos podem se comunicar beneficiados por esse fator. Um mundo sem fronteiras, onde qualquer um detém o direito e o privilégio de ir e vir justamente por serem todos de uma mesma nacionalidade. Um mundo onde só existe um governo (melhor supor, neste caso, a aplicação do conceito de adminstração, mais apropriado à um mundo novo) e, portanto, nenhum outro para fazer oposição. Um mundo onde só existe uma moeda, onde a inexistência de uma superioridade econômica sugere também a inexistência dos conflitos desencadeados em caso contrário. Imaginemos, através de séculos de cruzamentos, a homogeneização das raças. Com isso obteremos o fim dos preconceitos e dos violentos conflitos que tanto caracterizam o confronto das raças em nosso tempo. Só uma raça preconceituosa e presunçosa não toleraria a possibilidade de perecer em favor de uma raça de características universais. Se a diferença entre as raças e entre os indivíduos de uma mesma raça é fator de inúmeras vantagens é também fator determinante de inúmeras desvantagens (se hoje o mestiço é visto como um individuo oscilando entre duas culturas, num contexto onde ele torna-se a regra e não a exceção, essa situação desconfortável simplesmente desaparece). Muito dos benefícios produzidos por estas diferenças não desaparecerão numa cultura socialmente padronizada: a capacidade do ser-humano em criar permanecerá inata. O acesso à cultura seria determinado pela capacidade individual e não totalmente, como hoje, pelo privilégio da raça e condição sócio-econômica.
Há muito o que refletir sobre esse assunto. Não sou autoridade, apenas um curioso que pensa, às vezes, na possibilidade nada remota de uma padronização da cultura e do elemento humano. Gostaria que os visitantes desse blog postassem sua opinião a respeito desse assunto para que possamos desenvolvê-lo a um nível de satisfação. Nada é mais atual e urgente que esse assunto, pois esse provável mundo não está assim tão longe de sua consolidação. Estou ciente de que nenhuma ficção literária ou cinematográfica à respeito trata com seriedade as provaveis consequências dessa consolidação. O processo dessa consolidação pode, sim, originar conflitos e confrontos violentos num futuro breve, pois sabemos como algumas nações contemporâneas ainda insistem em manter-se fora desse contexto universal que vêm sendo buscado desde tempos imemoriais; mal sabem eles que já se encontram dentro do processo e que apenas o ego de algum tirano narcisista teima em fazer crer que a não integração é que é a opção correta.
Sujeito este texto a inserção, a qualquer momento que julgar necessário, de novas considerações sobre o assunto, inclusive à mudança de alguma já postada, caso compreenda que a mesma requer novo tratamento. As opiniões que se pronunciarem serão postadas como comentários à parte do texto, seguindo as determinações do blogger.
Gilberto Lins