sábado, 10 de outubro de 2009

Agradáveis produtos de uma mente inquieta

























Imagens produzidas a partir do programa gráfico Bryce 4, da Corel







A facilidade com que pude criar imagens como estas que dialogam diretamente com meu imaginário foi a razão pela qual preferi a interface de um programa de computador em vez do tradicional pincel, suporte e tintas. É claro que a tradição pictórica me interessa muitíssimo. Mesmo estando temporariamente afastado da confecção de arte pictórica nos suportes convencionais, nunca considerei tê-la abandonado por completo. Abandonei simplesmente meu curso de Artes Plásticas na FAAP no final de 1991, um semestre antes de completar o curso por razões que agora não vêm ao caso. Pude, a partir dos estudos nesta entidade, penetrar mais profundamente nos conceitos pertinentes a esta disciplina. Ambicionei, é claro, me tornar um pintor conhecido. Na época dos estudos eu sequer imaginava as dificuldades de penetrar no mercado das obras de arte. Claro que, nesta época, não questionava ainda a qualidade de meu trabalho, e que este seria, naturalmente, avaliado por pessoas capacitadas. Mesmo crendo ainda hoje que uma produção artística não pode ser avaliada (ou comparada) fora do contexto de sua criação, aceito o fato de que existe um padrão, ou uma tradição de valor, seja ela estética ou de outros conteúdos, que julga e/ou elege uma obra específica como "obra de arte". Frustrado por não ter encontrado o apoio esperado no início de minha busca por espaço, desisti temporariamente desse desejo de me realizar profissionalmente como artista plástico. Embora acreditasse na época (como ainda acredito hoje) ter algo a dizer. Sei que foi muito prematura essa desistência e inúmeras pessoas de meu relacionamento pasmam, incrédulas, por tão rápida desistência. Na verdade, eu acreditei que estava apenas fornecendo a mim mesmo o tempo necessário para que eu próprio avaliasse não só a qualidade estética de meu trabalho, mas a minha própria condição de artista. Como me vejo como um mortal comum, alguém destituído dos atributos que caracterizam os gênios (pois é assim que vejo os artista), compreendi que, se quiser continuar fazendo arte (mesmo que a utilização desse conceito possa ainda me parecer pretensioso) devo praticá-la com certo comedimento, sem pretender à condição de ser predestinado. Creio que a maioria dos grandes nomes das Artes - estes que sobrevivem à passagem do tempo e imprimem seu nome e obra na tradição cultural - nascem prontos (sei que esta afirmação é motivo de controvérsia, mas este é um assunto que poderemos discutir posteriormente). Caso eu esteja correto, então cabe aos pesquisadores do genoma identificarem o gene(s) que é responsável pela distinção entre estes 'predestinados' e o resto da humanidade. Por isso, apresento nesta página estes simples trabalhos em midia digital cuja única intenção é compartilhar o prazer que me deu realizá-los. à propósito: os trabalhos que realizei em suportes convencionais (óleo sobre tela, óleo sobre papel, carvão sobre papel, aquarela) nunca foram seriamente avaliados por nenhum destes críticos a que me referi acima. Isso não quer dizer que eu mesmo não tenha feito essa avaliação. Hoje sei que a maioria destes trabalhos não passam, simplesmente, de esboços ou exercícios de pintura, na intenção de conhecer, na prática, a técnica escolhida. Talvez possa ver com olhos mais criteriosos alguns poucos produtos dessa época como possuidores dos atributos que caracterizam a "Obra de Arte". Não possuo fotografias com qualidade desses trabalhos para digitalizar e disponibilizá-las para a avaliação nesta página, por qualquer um que se prestasse a esse papel. Em outra ocasião, postarei mais imagens produzidas com o auxílio do Bryce 4. Após me afastar temporariamente da pintura, dediquei-me à literatura, produzindo um romance, alguns contos e crônicas; mas isso é assunto para uma outra postagem.

6 comentários:

  1. A sublimação é algo evidente na maioria de suas imagens, característica, no meu entender, de uma pessoa introvertida que está mais envolvida com o mundo interior do que com o exterior, porém apesar de mostrar a leveza que me parece propôr, tem traços que potencializam essa introversão na variedade de cores fortes.
    Como a arte é uma manifestação interna, uma necessidade de transmitir ao mundo os afetos deve-se levar em conta que ela não tem o propósito de agradar ou movimentar a psique de todas as pessoas e sim daqueles que tem a sensibilidade para recepcionar o conteúdo do artista numa projeção do seu próprio inconsciente.
    As pessoas, assim como toda a natureza são engrenagens de uma grande máquina onde cada uma tem uma função para o bom funcionamento dessa máquina. Quando uma delas se danifica ou não se adapta de acordo, todo o processo se ressente.
    Creio que todos nós, cada um cumprindo sua função, contribui para a evolução da humanidade. Você com suas telas, imagens, vídeos, crônicas, livro e eu com a psicanálise. Entendo que seja egoísta demais deixar que nossas artes fiquem escondidas dentro desse mundo interno. Elas precisam se soltar, ir para o mundo externo para que outros possam se espelhar.
    Gilberto, já sei quem fará a capa do meu livro...rs
    Um grande abraço

    ResponderExcluir
  2. Elizabeth, sintirei-me honrado em fazer a capa de seu livro. Vc precisa me falar mais dele, sem compromisso, pois vc pode acabar elegendo outro profissional para a tarefa. Concordo plenamente com tudo o que disse acima. Fico feliz com sua participação nesse diálogo permanente que o artista empreende com o 'outro': o expectador de sua obra, aquele que espera ser modificado através da obra do artista, seja em suas ações, seja apenas na forma de abordar algum assunto, seja na forma de arquiteturar seu pensamento, seja na relação entre seus iguais.

    ResponderExcluir
  3. Gde Gilberto,
    Gosto muito do seu estilo de escrever. Parabens.
    Os videos tambem estao muito bons. Ainda nao consigo entende-los.....ou seja, o que vc quis passar com eles.
    De qualquer forma, parabens pela iniciativa.
    abs
    Alexandre Prata

    ResponderExcluir
  4. Alexandre, obrigado pela visita, você é sempre bem vindo e sua opinião indispensável. Quanto ao sentido dos videos e dos textos permita que sua própria mente se encarregue de significá-los. Abs.

    ResponderExcluir
  5. Gilberto, estou trabalhando em um projeto e foi a partir dele que surgiu a idéia do livro. Espero no próximo ano estar de fato cuidando para que ele tome forma.O propósito é levar às pessoas leigas ou não uma linguagem de fácil entendimento da teoria de Carl Gustav Jung, até lá, voltaremos a nos falar sobre esse assunto.
    Gilberto, agradeço sua atenção.
    Um grande abraço

    ResponderExcluir
  6. Elizabeth, com certeza será um grande livro. Todos nós precisamos entender melhor as teorias desse grande pensador e criador da psicologia analítica. Precisamos também colocar em prática muitos de seus ensinamentos. Quando chegar a hora entre em contato. abçs.

    ResponderExcluir